Gestores apresentam experiências com linguagem simples em seminário na Câmara
Em seminário sobre utilização de linguagem simples realizado na Câmara dos Deputados, gestores apresentaram algumas experiências de órgãos públicos. A diretora de difusão da Transformação Digital do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Loyane Tavares, explicou que o Executivo criou o Laboratório de Qualidade dos Serviços Públicos com o objetivo de facilitar a interação com os cidadãos por meio da internet.
Segundo a gestora, o laboratório mapeia a experiência do usuário na página do Governo Federal por meio de pesquisas, entrevistas e acompanhamento desse cidadão enquanto busca algum serviço. Ao final, os técnicos apresentam ao órgão responsável um relatório com as melhorias sugeridas. Entre elas, a adequação à linguagem simples.
Loyane Tavares explicou ainda que o Governo Federal estuda a utilização da inteligência artificial como ferramenta para adequação da linguagem, de modo a tornar a comunicação com o público o mais simples possível. Como exemplo, a especialista disse que, se alguém utilizar um termo técnico ou uma palavra pouco conhecida, a IA poderá sugerir a substituição por outra mais compreensível.
“A gente acha que esse é um caminho para massificar a linguagem simples, disseminar mesmo as linhas gerais, os exemplos e os alertas, sempre visando tornar essa informação para o cidadão mais compreensível possível”, disse.
Auditores do Tribunal de Contas da União também realizam um experimento com a inteligência artificial para tentar tornar os relatórios de auditoria mais compreensíveis para o público do tribunal. A auditora Carolina Pfeilsticker explicou que um grupo do TCU treinou o ChatGPT para traduzir esses relatórios com os critérios da linguagem simples.
Para isso, a representante do Tribunal de Contas relatou que foram criados parâmetros para o ChatGPT. Dentre eles, priorizar palavras curtas, de até três sílabas; evitar termos técnicos e jargões e traduzir esses termos, quando necessário; explicar siglas; empregar a ordem direta, com verbos na voz ativa; usar frases curtas, de até 25 palavras; além de usar parágrafos que não deveriam ultrapassar três frases.
O resultado, segundo Carolina Pfeilsticker, foi promissor, mas é preciso estabelecer parâmetros claros e critérios de avaliação do resultado.
“A gente viu que tem que testar, experimentar, e que é importante ter medidas para esses testes, então tem de ter uma métrica. Tem que validar com especialista, não só de conteúdo, mas também com especialista de linguagem simples. E com o público-alvo, né gente? Afinal, o mais importante é que o público-alvo tenha a clareza do que está sendo visto”, afirmou.
Compromisso do Judiciário
O Judiciário, de acordo com a representante do Conselho Nacional de Justiça Daine Lira, adota desde dezembro do ano passado o Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples. Dentre as ações que a Justiça já adotou desde então, citou o caso do Tribunal de Justiça do Maranhão, que criou uma página que traduz para os interessados as decisões judiciais.
“A acusação, o que significa? Você foi processado por furto simples. Isso vai para o auto, para réu do processo. O que aconteceu? O juiz considerou você culpado pelo crime. Que crime? Ficou provado que você pegou a bicicleta sem a permissão do dono. Qual a sua punição? Oito meses de prisão, que foi substituída por trabalhar 248 horas em serviço comunitário, e mais seis dias de multa.”
Ainda segundo a conselheira, outros tribunais publicaram cartilhas com linguagem simples voltadas a diferentes públicos. Em Rondônia, a publicação explica como os interessados podem acessar os serviços digitais no estado. O Tribunal de Justiça do Amapá fez uma cartilha em linguagem indígena, segundo Daiane Lira. Já a Justiça Federal editou publicações sobre os símbolos utilizados pelo Sistema de Justiça e outra voltada à população em situação de rua, de modo que conheçam e entendam seus direitos.
Fonte: Agência Câmara de Notícias, acesso em 18/10/2018
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