Unesco publica relatório sobre riscos do smartphone na aprendizagem e na concentração dos estudantes e tema abre debates sobre a proibição do uso de celulares em sala de aula
Um em cada quatro países do mundo proíbe ou impõe regras para o uso do celular em sala de aula. É o que mostra um estudo da Unesco, divulgado nesta quarta-feira (26). Neste ano, o tema do Relatório Global de Monitoramento da Educação tem foco no uso de tecnologia nas escolas, pela primeira vez.
Intitulado “A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?”, o documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura aponta os impactos do smartphone na aprendizagem e na concentração dos estudantes.
De acordo com a pesquisa, quase dois em cada três professores concordam que o uso excessivo de celulares em salas de aula distrai os alunos, resultando na redução do desempenho educacional. O mesmo acontece com outros dispositivos, como computadores e tablets.
A Finlândia e a Holanda estão entre os países que proibiram recentemente o uso de celulares em sala de aula. Além disso, os smartphones foram banidos total ou parcialmente na Espanha, Suíça, Portugal, México, Letônia, Estados Unidos, Escócia e em províncias do Canadá.
“As notificações recebidas ou a mera proximidade do celular podem ser uma distração, fazendo com que os alunos percam a atenção da tarefa. O uso de smartphones nas salas de aula leva os alunos a se envolverem em atividades não relacionadas à escola, o que afeta a memória e a compreensão”, diz o relatório.
Na França, por exemplo, não há proibição, mas há políticas para regular o uso. O aparelho pode ser utilizado por alguns grupos de alunos, como pessoas com deficiência, ou quando está claro o uso pedagógico. Por outro lado, países africanos e asiáticos são os que mais têm leis sobre o assunto, como Uzbequistão, Guiné e Burkina Faso. Em Bangladesh, nem os professores podem usar o dispositivo nas aulas.
No Brasil, Prefeitura do Rio proíbe o uso de celulares em salas de aula na rede municipal de ensino, o decreto foi publicado na manhã desta segunda-feira (7) no Diário Oficial. A decisão diz que além do celular, dispositivos tecnológicos também ficam proibidos, como tablets. O uso não é mais permitido dentro das salas de aula e também fora delas, caso haja trabalhos individuais ou em um grupo em andamento. No entanto, os estudantes poderão usar o celular se o professor permitir, para fins pedagógicos. Alunos com deficiência ou problemas de saúde que precisem dos dispositivos tecnológicos para monitoramento ou auxílio poderão utilizar sem restrições. Além disso, os celulares devem se manter no silencioso nos momentos em que o uso for permitido. Não há lei que proíba o uso de celulares em escolas particulares.
Considerando os riscos apontados pela Unesco em relação ao uso de celulares em sala de aula, é pertinente discutir a possibilidade de as escolas particulares brasileiras proibirem essa prática. A medida pode contribuir para a melhoria do desempenho educacional, o desenvolvimento de habilidades sociais e o cuidado com a saúde mental dos alunos. No entanto, é fundamental que a proibição seja acompanhada de uma abordagem pedagógica adequada, que integre a tecnologia de forma construtiva e ofereça alternativas para seu uso em atividades pedagogicamente relevantes. Dessa forma, as escolas particulares podem promover um ambiente propício ao aprendizado e ao desenvolvimento integral dos estudantes.
Fonte: G1, acesso em 07/08/2023
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