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30 nov 22 10:15

Novo Ensino Médio provoca impactos em alunos nas redes pública e particular

Aprovada em 2017 e implantada este ano, a lei do novo ensino médio gerou impactos entre os jovens que chegaram a essa etapa dos estudos, nas redes pública e particular. Aumento da carga horária, nova grade curricular e ensino voltado para a formação profissional estão entre as novidades.

O novo currículo para o ensino médio passou de 2,4 mil horas para 3 mil horas. São 1, 8 mil horas para a formação geral básica e 1,2 mil horas para os chamados “itinerários formativos”.

Na formação-geral básica, estão as aulas de arte, educação física, química, física, biologia, história, geografia, filosofia, sociologia, matemática e linguagens (português, literatura e língua estrangeira).

Já os “itinerários formativos” integram um conjunto de disciplinas e projetos que o aluno escolhe, conciliando interesses pessoais e o cardápio oferecido pela escola.

Eles podem ser de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ciências sociais aplicadas; áreas cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Ainda tem o itinerário da Formação Técnica e Profissional; atualmente, oferecido apenas em escolas técnicas de Pernambuco.

No primeiro ano do ensino médio, a formação geral-básica tem um peso maior. Ao longo do segundo e do terceiro anos, a carga horária vai passando gradativamente para os itinerários formativos.

A Escola de Referência em Ensino Médio Manoel Borba, em Boa Viagem/PE, oferece dois itinerários. Um deles é de natureza e linguagens. Opção para quem pensa em fazer jornalismo, direito, letras, fisioterapia ou psicologia. O outro é de ciências humanas e matemática. É voltado para quem sonha com engenharia, economia ou administração.

Críticas

A pesquisadora em educação Marília Cibelli, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), critica a falta de estrutura na rede pública para o novo ensino médio.

“Esse aluno entra no primeiro ano, faz uma opção por um itinerário. Só que não tem a visão se vai querer continuar esse itinerário. A base diz que o aluno pode fazer essa mudança a qualquer momento que ele quiser. Mas o que acontece? Nem todas as escolas vão ofertar todos os itinerários”, argumenta.

Segundo Cibelli, essa oferta não acontece, porque não há profissionais suficientes para atender todas as escolas.

“Quando ela até oferta os itinerários, faz na forma dos itinerários integrados. Ela junta humanas com linguagens, exatas com ciência. E já há uma redução do conteúdo filosófico, humanístico, científico”, adverte.

A Secretaria de Educação explicou que a quantidade de itinerários, também chamados de trilhas, varia de acordo com o número de turmas da escola. E cada itinerário deve juntar pelo menos duas áreas de conhecimento, seguindo a vocação do colégio.

A diretora pedagógica Socorro Oliveira vê avanços nesse modelo. “Ter um ensino médio que acaba sendo menos conteudista e que faz mais a diferença, faz sentido para o nosso estudante. Ele não vai trabalhar conteúdo desvinculados. Ele vai entender o motivo de estar trabalhando aqueles conteúdos”, avalia.

A mudança afetou a rotina da escola, com a inclusão de aulas na segunda-feira. “É das 14h30 até 18h30, quase uma tarde toda, depois de passar a manhã inteira também. Aí, impactou bastante”, reconhece a estudante Marina Brandão, de 16 anos.

A aluna Julia Neves, de 15 anos, está curtindo as aulas mais dinâmicas. “Eu quero ser juíza, por exemplo. No meu itinerário, semana que vem, a gente vai fazer uma simulação de juízas. Isso é muito interessante. Faz a gente aprender várias coisas, principalmente sobre essa área do trabalho”, argumenta.

Uma pesquisa do Todos pela Educação, feita em 2021, apontou que 90% dos estudantes concordam (totalmente ou em parte) que deveriam poder escolher áreas para aprofundar seus estudos. Apenas 1% disse que não teria condição de escolher uma área de aprofundamento no ensino médio.

Os alunos do itinerário natureza, por exemplo, aprenderam a colher a digital para desvendar um crime. A aula misturou conteúdos de biologia e química, e as professores da cada disciplina estiverem presentes.

Para a professora de biologia Amanda Figueiredo, é um desafio para o docente começar a pegar as ideias que estão no material e, de alguma maneira, tentar trazer pra realidade do estudante e da escola.

O projeto de vida é obrigatório nos itinerários durante todo o ensino médio – tanto na rede particular quanto pública. É o momento dos alunos refletirem sobre desejos, objetivos e cobranças.

Nas aulas, os alunos fazem exercícios sobre temas como paciência. Para isso, a professora de português teve treinamento de educação socioemocional oferecido pela escola.

“A gente abre esse espaço para que eles falem, na verdade também se escutem, e que haja troca a respeito do futuro, do que está acontecendo, o quanto isso vai impactar o nosso futuro”, afirma a professora Julia Sonalle.

 

Fonte: G1, acesso em 30/11/22


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