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11 set 24 09:36

Baixa Umidade e Calor Intenso Levam à Suspensão de Atividades Físicas nas Escolas do DF. Medida Segue Normas Legais?

Com mais de 130 dias sem chuva e enfrentando uma das maiores secas da história recente, Brasília vive uma situação climática extrema. Na última terça-feira (4/9), a umidade relativa do ar chegou a 7%, o menor índice já registrado no Distrito Federal. Esse cenário alarmante levou ao alerta vermelho emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), destacando o perigo iminente para a saúde da população. Diante desse quadro, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF) orientou a suspensão das atividades físicas ao ar livre em escolas particulares, uma medida que levanta questões sobre a legalidade e os cuidados adequados em situações extremas como essa.

 

 

Em nota divulgada na quinta-feira (5/9), o Sinepe/DF reforçou a importância de suspender as atividades físicas ao ar livre em razão da baixa umidade do ar e das temperaturas elevadas. A orientação é que as atividades sejam substituídas por aulas teóricas ou por atividades realizadas em ambientes fechados e ventilados, desde que não exijam esforço físico excessivo dos alunos.

“O cenário é muito perigoso para qualquer atividade física intensa ao ar livre, e as escolas precisam se adaptar a essa nova realidade para proteger a saúde dos alunos”, destacou o sindicato. A nota também reforçou a necessidade de manter os estudantes bem hidratados. “É importante que todos tragam garrafas de água e façam ingestão regular de líquidos durante o período escolar”, disse o documento.

A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) também se posicionou sobre o tema, anunciando a suspensão das aulas de educação física nas escolas públicas. A decisão foi tomada para garantir a segurança e o bem-estar dos alunos, considerando o clima seco e as temperaturas elevadas. “As escolas têm autonomia para adaptar suas rotinas em situações extremas, sempre em diálogo com a Secretaria”, explicou a SEEDF em nota.

Entre as recomendações passadas pela Secretaria estão:

 

  • Manter bebedouros em boas condições de funcionamento, garantindo higiene e qualidade da água;
  • Orientar os alunos a levar garrafas de água individuais e evitar o compartilhamento, para prevenir a propagação de doenças;
  • Incentivar o consumo regular de água durante as aulas;
  • Evitar atividades físicas e manter as salas de aula ventiladas;
  • Reforçar as medidas de higiene em todos os espaços escolares.
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Normas Legais: Escolas Podem Suspender Atividades?

A decisão das escolas de suspender as atividades físicas ao ar livre pode parecer drástica, mas é totalmente respaldada pela legislação brasileira. O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) impõe que as escolas, como prestadoras de serviços educacionais, devem zelar pela saúde e segurança dos alunos. Em um cenário de condições climáticas extremas, como o que Brasília enfrenta, a suspensão de atividades físicas ao ar livre pode ser vista como uma medida preventiva para evitar danos à saúde dos estudantes, especialmente em casos de desidratação, hipertermia e problemas respiratórios agravados pela seca.

Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996) estabelece que as instituições de ensino têm a autonomia para adaptar seu projeto pedagógico conforme as necessidades contextuais. Isso inclui a adequação do cronograma e das atividades escolares em situações excepcionais. A LDB também menciona que as escolas devem promover um ambiente saudável e seguro para seus alunos, reforçando a legalidade da medida adotada.

Outra norma importante é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/1990), que garante o direito à saúde das crianças e adolescentes. O artigo 7º do ECA estabelece que “a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas”. Diante disso, a suspensão das atividades físicas em condições climáticas perigosas se alinha à legislação de proteção aos menores, uma vez que visa garantir o bem-estar dos estudantes.

Enquanto isso, as escolas de Brasília seguem adaptando suas rotinas e buscando maneiras de garantir o ensino sem colocar em risco o bem-estar dos alunos. A suspensão das atividades físicas ao ar livre, respaldada por normas legais e orientações das autoridades de saúde, é apenas uma das várias ações que devem ser tomadas em momentos de crise climática como o atual.

 

Departamento Comercial


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