Brasil vive um novo boom de fusões e aquisições no setor privado de educação superior
Esse processo durante os últimos anos tem concentrado os alunos da rede particular em um número reduzido de grandes grupos educacionais, com foco cada vez mais forte no EAD (ensino à distância). O ano com mais fusões e aquisições até agora foi 2008, quando empresas da área começavam a abrir o capital: 53 operações. O recorde, que quase foi batido no ano passado (52 transações), deve cair em 2022. Foram 39 fusões e aquisições só no 1º semestre deste ano (ainda não há dados do 2º semestre).
Há sinais de que esse movimento deve continuar nos próximos anos, com algumas diferenças, a onda atual de fusões e aquisições está cada vez mais relacionada à melhoria de produtividade, e não à incorporação de mais alunos. Ou seja, melhorar a rentabilidade e eficiência dos processos da instituição.
Dados do Censo do Ensino Superior de 2021 (os mais atuais confirmam a tendência apontada pelo especialista. Em pouco mais de uma década, as 10 maiores mantenedoras da rede privada passaram de 23% do total de matrículas para 46%. Mantenedora é como é chamada a pessoa jurídica responsável por faculdades e outras instituições de ensino. Uma mantenedora pode, ao mesmo tempo, ter várias redes de faculdades
Alguns conglomerados educacionais são proprietários de mais de uma mantenedora. Um dos fatores que andou junto com a consolidação do mercado de ensino superior nos últimos anos foi o crescimento do ensino à distância durante a pandemia
O Censo da Educação de 2021 mostra que não foi apenas o ano em que mais gente entrou no ensino superior por EAD. Foi também o ano em que a modalidade à distância passou a ter mais da metade dos alunos da rede privada, considerando ingressantes e estudantes já matriculados. Houve uma explosão do EAD durante a pandemia. Em 2019, a educação remota respondia por 35% das matrículas na rede privada. Em 2021, eram 51%. Ao mesmo tempo, o número absoluto de matriculados em cursos presenciais tem queda desde 2015, quando 4,8 milhões optavam por esses cursos nas instituições particulares. Agora, são 3,4 milhões.
Os operadores do mercado destacam 2 grandes movimentos recentes de investimento e consolidação: compra da Unicesumar – o grupo Vitru adquiriu a universidade no final de 2021 em uma transação avaliada em cerca de R$ 3 bilhões. Com isso, chega hoje a quase 700 mil alunos; investimento na Afya – o grupo alemão Bertelsmann adquiriu em 2022 ações que garantiram o controle da Afya, um dos principais conglomerados de ensino médico do país
O momento, no entanto, não é de grandes fusões. “Neste ano, 79% das transações não eram mais escola comprando alunos. Estão comprando edtechs ou soluções educacionais para criar uma plataforma de atendimento mais ampla para os alunos”. São chamadas de edtechs algumas empresas de tecnologia com soluções para incrementar a produtividade no processo de ensino (as startups do setor). Ou seja, de acordo com o especialista houve um primeiro movimento de consolidação aumentando o número de alunos. O foco seria, agora, investir em aumentar a eficiência da operação.
Exemplos recentes desse tipo de investimento incluem grandes grupos: Ânima – o grupo investiu R$ 800 milhões em parceria com a Uliving para entrar no mercado de oferta de moradias estudantis e lançou uma joint-venture com a Vivo de capacitação profissional; Cogna – sua empresa Kroton fechou parceria com a operadora TIM para montarem uma empresa de educação por celular; Ser Educacional – comprou a edtech Delinea, produtora de conteúdo acadêmico para ensino superior:
Fonte: Poder 360, acesso em 27/12/2022
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