Polarização política aumenta discurso de ódio, casos de bullying, episódios de ofensas, agressões e racismo entre alunos de diversas instituições de ensino do Brasil
A mídia tem noticiado, antes e depois do resultado das eleições, episódios de ofensas, agressões e racismo envolvendo estudantes em diversas escolas particulares pelo país nos últimos dias. Essa divergência político-social que o país está sofrendo, que afetou crianças e adolescentes de todas as idades, atingiu a sala de aula, um espaço que deveria, tão somente, servir à aprendizagem da vida em sociedade e para fortalecimento de valores e da democracia.
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Em Porto Alegre, dois casos de intolerância repercutiram em escolas particulares. No Colégio Farroupilha, uma bolsista do Ensino Médio foi xingada por colegas ao comemorar a eleição do presidente eleito no grupo do WhatsApp das turmas do terceiro ano. Já no Colégio Israelita foi um vídeo que gerou repercussão negativa. Nele, estudantes fazem comentários preconceituosos. Os alvos são diversos: eleitores do presidente eleito, nordestinos, pobres e professores de escolas públicas, entre outros. O Ministério Público recebeu denúncia de ambos e instaurou procedimentos para investigá-los. As duas instituições de ensino repudiaram os atos de intolerância.
Já em uma escola de Indaiatuba, no interior de São Paulo, crianças de 11 anos gritaram na sala de aula, na segunda-feira após o segundo turno, que pais de colegas que haviam votado no candidato eleito “morreriam a pauladas”. Um garoto já havia levado um soco durante o primeiro turno por discussão partidária.
Diante desse cenário, o papel dos educadores, neste momento, é fundamental para a reconstrução desta sociedade dividida e repleta de ocorrências policiais de casos de bullying. A formação escolar, diferente da familiar, deve dispor de regras e princípios iguais a todos, em que a criança ou adolescente percebe que há pessoas e pensamentos diferentes e precisa a conviver com eles. Uma tomada de decisão é necessária neste momento, a escola não deve ser apolítica, muito menos se omitir, pois os conflitos escolares devem ser pedagógicos, os debates devem levar a construção de uma sociedade justa e ética, com valores fortes de equidade, tolerância e autonomia.
Para a formação de alunos críticos e transformadores, é claro, não podemos blindar as experiências de nossos alunos, nossas crianças percebem o mundo ao redor, trazem consigo experiências em sua bagagem existencial. No entanto, a instituição de ensino precisa ser definitivamente oposta a esses movimentos abusivos e violentos, é hora de combater a violência de forma efetiva, pois a educação é um instrumento a não-violência.
Departamento Comercial, em 08/11/22